Tem um homem desconhecido no chão do meu quarto

Sabe o que é chegar em casa e encontrar um homem desconhecido deitado no chão do seu quarto? Pois é. Aconteceu comigo. Entrei no meu quarto e só percebi uma presença estranha quando avistei um par de botas na ponta das pernas que saíam de baixo do criado-mudo.

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Há alguns dias eu publiquei um post a respeito da minha insatisfação com a velocidade da banda larga que habitava minha casa, que acabou me levando a partir para outra operadora. Sim, por aquela que promete 100 Mb de velocidade por segundo via fibra óptica. Lembro que, na hora da contratação, o atendente me disse: “a velocidade é de 100 Mbps, mas o mínimo que a gente entrega é 40 Mbps” (respeitando a resolução da Anatel).

Contratei a nova operadora no sábado. Tratava-se de um novo plano de telefone + TV banda larga + internet de 100 Mbps. Domingo de manhã fui acordada pelo toque do celular. Não era muito cedo, mas eu estava dormindooooo, porque não preciso acordar cedo de domingoooo.

– Senhora. Sou da operadora e vim instalar o telefone fixo da sua residência. Estou na portaria. Me autoriza a entrar no prédio?

– Mas eu não agendei nada para hoje. Eu agendei para amanhã. – Respondi.

– É rápido. Não vou demorar. Preciso só mexer na caixa central do prédio. Depois a senhora precisa contratar um eletricista para fazer a conexão até o seu apartamento.

– O quê? Vocês não fazem isso?

– Posso fazer como bico para a senhora.

– Ok! Quando terminar, suba para fazer a instalação. Quanto vai custar isso?

– Ah! Preciso ver como está a situação atual dos cabos.

Quinze minutos se passaram e a campainha da porta tocou. Ele já havia feito a conversão dos fios no quadro do prédio, e o próximo passo era verificar a situação dos cabos para me dizer quanto cobraria para terminar o serviço.

– Tá instalado, senhora. Pode testar.

– Já? E quanto te devo? – Perguntei.

– R$ 100.

Acho que ainda não estava acordada direito e paguei a quantia. Pelo menos o telefone da nova operadora estava funcionando.

No dia seguinte, chegou a vez da instalação da internet e da TV a cabo.

O técnico chegou às 08h30 e começou a instalação dos 3 pontos de TV contratados. Algumas horas depois, partiu para a instalação da internet. O serviço todo levou umas 4 horas para ser feito.

Chegou o momento da verdade. Vamos testar a velocidade dessa super internet que deve estar entre 40 e 100 Mbps. Tchan-ham: 6 Mbps! Não, gente! Não deixei de colocar nenhum zero à direita do número 6! Singelos 6 Mbps: era essa a velocidade diagnosticada.

– Moço! Deve ter algo errado. Eu contratei uma velocidade de 100 Mbps! E aqui temos apenas 6!

– Ah! 100 Mbps a gente garante até o poste de instalação.

Então, gente, fica a dica: ao contratar uma operadora pela velocidade da transmissão de dados, verifique se o poste da central de transmissão fica a uma distância adequada para o alcance do cabo da internet, viu? Sim, porque, segundo o técnico, o sistema wi-fi também contribui para a redução da velocidade.

– Pode desinstalar tudo e levar embora. Antes de você cruzar a porta, eu tinha uma internet de 15 Mbps. Leve toda a parafernália que trouxe com você.

E, assim, ficamos um na companhia do outro por mais 2 horas. Ao sair, ele me entrega um papel e pede para eu assinar:

– É para cancelar a instalação, viu? – Explicou o rapaz.

Mas, ao reparar nas letrinhas impressas, vi o título do documento: “Termo de aceite de execução de serviço” de TV e internet fibra óptica.

– Peraí! Isso não é termo de cancelamento! Não vou assinar nada!

E, então, abri a porta para que o instalador fosse embora.

Lá ficamos nós sem internet e sem TV a cabo. Só com o telefone, que nunca tocou e que nunca foi usado.

Mas, como não tinha cancelado a operadora anterior, bastava chamá-la de volta para estabelecer a ordem na casa. E foi o que fiz. Combinei uma visita técnica para o mesmo dia, entre as 17h e as 21h. Como não estaria em casa depois das 18h, pedi ao Paulo, meu marido, que recebesse a operadora.

Ao voltar para casa, encontrei o técnico estabelecendo as conexões. Um dos pontos de TV fica exatamente abaixo do meu criado-mudo. E isso explica por que havia um homem estranho deitado no chão do meu quarto.

No final de março deste ano (2016), a revista Exame expôs os seguintes dados em uma matéria publicada em seu portal:

Uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre os serviços de telefonia e internet mostrou que o setor com a pior avaliação em relação à satisfação dos consumidores é o de banda larga fixa, que obteve nota 6,58 em nível nacional, em uma escala de zero a dez.

Por que será que ninguém faz nada? Todo mundo sabe que é ruim, então por que nada é feito? E não se trata somente do serviço, mas do atendimento também.

A minha esperança, e a de todos os reféns dessa situação, está nas seguintes palavras do livro A pergunta definitiva 2.0, já comentado neste blog:

O consolo é que nenhum monopólio dura para sempre. Novas tecnologias são desenvolvidas. As regulamentações mudam. Construir bons relacionamentos com o cliente prepara uma empresa para a possibilidade de acirramento da concorrência. (Página 59.)

E que venha a concorrência! Mas que venha para dar um baile nos que estão na zona de conforto.

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